10/11/14

ORACULUM MORTUUM

Exposição de fotografia de Gisela Monteiro | 15 a 28 Novembro @ El Pep Gallery

VÌDEO: Apresentação da exposição
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"Oraculum Mortuum: Um Tarot Tumular" é um trabalho fotográfico conceptual sobre o Tarot, da autoria de Gisela Monteiro. Em vinte e duas imagens de contexto sepulcral, a preto-e-branco, tiradas em diversos cemitérios portugueses e estrangeiros, apresentam-se novos arcanos maiores que, mergulhados no mistério e no silêncio próprios dos cemitérios, prosseguem num feitio surpreendente a tradição pictórica do Tarot.
     Charles Sangnoir [La Chanson Noire] na inauguração da exposição, às 18h00
-->"Oraculum Mortuum: Um Tarot Tumular" nasce de uma paixão por fotografia cemiterial, quando esta se cruza com algumas das mais marcantes imagens dos baralhos de tarots canónicos, como o de Rider-Waite e o de Thoth de Aleister Crowley.
A atracção pela Morte e pelos Cemitérios - o casa da Morte par excellence - surgiu ainda em criança, em passeios pelo pequeno cemitério da vila. Os túmulos eram locais familiares, com histórias e pessoas que tinham vivido e morrido antes de mim e feito coisas, sonhado, aprendido e ensinado. Era um local silencioso, pacífico e cheio de paz. E de histórias. As pedras pareciam contar histórias e guardar segredos.
A fotografia surge como uma forma de cristalizar instantes em eternidade, num espirito muito semelhante ao dos epitáfios das pedras sepulcrais e, numa visita mágica a um cemitério mágico, a fusão dos dois conceitos acabou por resultar numa paixão que se vai repetindo ao longo do tempo, inúmeras vezes, num ritual de solidão e silêncio.
Há alguns anos, num desses momentos de culto pelo cemitério monumental de Milão, ao olhar de relance para o pequeno ecrã da câmara para verificar a qualidade da imagem capturada, senti-me a olhar para a carta d' O Mago e percebi que, por entre as estátuas tumulares e a arcas sepulcrais, levantavam-se os arquétipos do Tarot, esperando por se fazerem ver. E num cemitério tudo tem significado, tudo tem histórias, tudo tem sentimentos fortes, extremados, impactantes. Tal como o preto e branco extremado escolhido. A opção por um preto e branco extremado, no caso específico desta série, foi uma escolha que me pareceu óbvia de um ponto de vista estético, mas com o objectivo de eliminar a cor de forma a proporcionar uma abstracção total de qualquer elemento distractor, garantindo o enfoque total na peça, na imagem, no significado da carta.
As restantes cartas foram surgindo, algumas vezes antes de disparar a câmara, outras vezes nesse instante ou apenas ao chegar a casa. A torre de O'Connell estava a chamar por mim de dentro dos muros de Glasnevin e era inevitável escolhê-la para representar a carta da Torre; pouco antes de a fotografar, o céu ficou carregado de nuvens de chumbo, emprestando-lhe o dramatismo necessário para a reencarnação ser exactamente a pretendida.
Os Amantes é uma estátua de anjos do cemitério de Agramonte que descobri numa manhã de domingo, no meio de uma terrível tempestade; molhados, num bronze esverdeado gasto pelos anos e manchado pela chuva, os dois pequenos anjos abraçados transmitem uma mensagem de amor tão forte que transcende os laços humanos da paixão carnal ou do amor fraterno e podemos, simplesmente chamá-los de amantes, de seres que amam.

Esta série fotográfica representa os Arcanos Maiores do Tarot, em que estes são escolhidos por alguém que ama cemitérios e se encantou com as imagens e significados das cartas e por isso encontrou um baralho entre os sepulcros.
...são diferentes dos que seriam escolhidos se a sua origem fosse a oposta: alguém que foi procurar um baralho de tarot entre as tumbas.
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Gisela Monteiro dedica-se ao estudo da arte funerária e da história da morte no ocidente, escrevendo e fotografando sobre esses temas. Mantém o blogue Mort Safe (taphophilia.blogspot.com) e respectiva página de Facebook (https://www.facebook.com/MortSafe), sobre o mundo cemiterial e organiza pontualmente visitas temáticas em vários cemitérios de Lisboa.
«Oraculum Mortuum: Um Tarot Tumular», observação sobre o Tarot, alinhada com uma perspectiva sepulcral, é a sua primeira exposição de fotografia.

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