Exposição individual de Banda Desenhada e Ilustração de Eduardo Filipe SAMA.
Desenhos originais de "Belles de Jour" e do livro "A Entrevista".
Na El Pep Store & Gallery | 05 Setembro 2015 | 18h00
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Les Belles du Jour é o novo projecto artístico de Sama, e insere-se claramente numa esfera sociopolítica reactiva, através da tensão formal e física resultante da colagem de títulos de notícias, recortados dos jornais e posteriormente colados em composição com monotipias que o autor cria previamente, num processo criativo devedor tanto da estética DIY como das vanguardas modernistas.
Para isso contribui decisivamente a técnica de reprodução escolhida pelo autor: a monotipia, técnica essa que consiste na criação de um desenho e/ou mancha de cor numa superfície lisa que depois é impresso numa folha, obtendo-se assim uma prova única desse mesmo trabalho (o prefixo mono, em latim, significa único). Sendo uma forma de arte espontânea, tem quase sempre resultados imprevisíveis e por isso experimentais.
Devido a estas singularidades, os conceitos de “erro” ou “acidente” são aqui assumidos como parte do processo, deixando mesmo de fazer sentido procurá-los nas várias manchas e linha obtidas. E esse carácter único é por vezes acentuado pelo autor através do desenho na própria impressão, subvertendo assim as “regras” subjacentes a esta técnica artística na conjugação interdisciplinar de vários mediums.
Depois da passagem do desenho para a prova, o que fica é o reflexo em espelho, por vezes translúcido, desse mesmo desenho. O resultado visual é uma espécie de cruzamento bastardo entre um Teste de Rorschach e uma fotocópia, com as frases recortadas a darem novos significados às imagens. No fim há a possibilidade de mais impressões, é certo, mas serão já impressões fantasma, cada vez mais ténues e difusas.
Sentem o ruído? Mergulhem nele. — André Azevedo
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“Através de um humor ácido e sofisticado, Sama constrói nas suas narrativas um mundo niilista tropical e único. Neste prato nutritivo de histórias, sentimos os sabores de uma mistura de influências, como dos autores, Nelson Rodrigues e Carlos Zéfiro, dos livros de pulp e do “film noir”.
Com um pensamento que já vem singrando o oceano, como o conteúdo de uma garrafa perdida(e encontrada) no Atlântico desde 2011, conseguimos perceber as ligações deste ‘universo Samânico’ através das recentes obras: Motel Sama (curtametragem), a HQ ‘La Dolce Vita‘ e outras narrativas curtas apresentadas nos “Cadernos do Sama“. Em “A Entrevista“, o autor mais uma vez apresenta-nos uma iguaria deste mundo distorcido, corrupto e sensualmente onírico de sua fértil imaginação, apesar da trama pouco parecer ficcional… Mundo Cão… Mondo Sama. As personagens, desta vez em duas cores, encontram-se numa ilha, no litoral de um Rio de Janeiro re-imaginado pela sua memória.”
Manuel Espírito Santo
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